Escrevi, ror de vezes, e para todos os gostos, sobre o natal, respeitando o antes e o depois.
Há pouco mais de 60 anos atrás, a noite de natal era sinonimo de encher bem a pança, ou seja, havia fartura de bacalhau (embora fraquinho), batatas, couves, broa e, está claro, o verde tinto dos campos das nossas lindas aldeias cuja minha é o Lugar de Arques, Vila de Punhe, e com o qual se fazia a sopa de vinho ...como minha mãe vendia sardinha, tremoços, doces, figos secos, etc, pelas portas, feiras e festas, de vez em quando havia uns figos mas, o que nunca faltava era os pinhões, que até serviam para jogar à rapa.
Confesso, antes do mais, apesar da minha vida ter melhorado, graças à imigração (que assusta tanta gente ...não sei porquê ...Portugal sempre esteve ligado à imigração), ainda tento viver o natal de outrora, mesmo quando estava noutro país; prefiro a pobrezinha ceia de natal, como à 6 décadas atrás ...pode surpreender mas, é a realidade.
Agora é a loucura ao desenfreado consumismo, inclusive em tempos de grave crise que, diga-se de passagem, pouco ou nada tem a ver com o (deveria ser) humilde natal ...e só para dar um infalível exemplo, a primeira vez que ouvi falar de prendas, já estava em Paris, França, com quase 20 anos de idade; também é verdade que, em Paris e não só, recuperei o tempo perdido ...honra seja feita, sobretudo, aos meus alunos de guitarra clássica.
A presença de minha mãe nessa noite, era diferente das outras, enchia uma dúzia de vezes a cozinha, que também servia de muito enferrujada sala de jantar. Ao mais pequeno movimento exalava amor do seu rosto, que palavras não descrevem ...nem a ensurdecedora barulheira das 4 raparigas e dos 4 rapazes, de quem era mãe, esmorecia a sua grande alegria/felicidade.
Não sei se o culpado é o pai natal, o certo é que agora só há olhos para prendas, brinquedos, ou seja, «ninguém» está à espera do natal para comer mais ...«matar a fome».
O natal poderia muito bem ser um ponto de reflexão, para saber o que está a tramar a nossa sociedade. A minha humilde experiência diz que um dos principais motivos está relacionado com gritante falta de educação e respeito pelas coisas (pelos outros).
Este pinheiro manso (a pinha) está no jardim do vizinho, a 20 ms da janela da minha cozinha. E esta hein?!
Feliz Natal.
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