sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Horrível morte de Maria memórias que nem o tempo apagou


Minha querida irmã Maria, nasceu a 4 de Outubro de 1946, como documenta a Cédula, ou seja, tinha eu 4 anos de idade.
Minha mãe tinha um banquinho de tronco de eucalíto, na velhinha cozinha, que Maria tinha por hábito de levar para cima da baixa lareira em pedra, onde se sentava, frente a umas trempes de ferro (4 pés). Sobre as trempes, uma panela que, de tão velha, ao mais pequeno toque, o testo caía dentro. 
Apesar de muito novo (6 anos) nessa altura,  (Maria tinha cerca de18 meses de idade), recordo-me como se tivesse sido há 10 minutos: A certa altura, minha querida irmã confundiu a tampa da panela com o banquinho, e sentou-se ...o testo caiu imediatamente, queimando- lhe o rabinho com água a ferver.
Horrível, aos gritos, minha mãe acudiu, sem saber o que fazer, As queimaduras foram tão graves que, uns dias mais tarde e depois de atroz sofrimento, minha querida maninha Maria não resistiu ...partiu.

Coragem nunca me faltou mas, mesmo assim, ponderei longamente, se deveria tocar no assunto. É que, para além do muito mais, fiquei convencido de que, se não fossemos tão pobres, nada teria acontecido.
7 anos mais tarde, foi a minha vez: Tive alta do hospital velho de Viana do Castelo, com o único objetivo de ir morrer a casa, com a doença do «Mal de Pott» (tuberculose óssea) ...estive internado, cerca de um ano,  no Sanatório da Gelfa (Afife).
Em ambos os casos, a pobreza teve influência direta ...a única diferença, tive mais sorte do que a inucente Maria, a quem dedico esta homenagem. Onde quer que estejas, muitos beijinhos do teu maninho, que nunca se esqueceu de ti. Beijos!
Foto 1; Cédula de Maria.
Foto 2; Eu, no Sanatório da Gelfa, em 1955.
Foto 3; Acredito na minha protetora Estrelinha Celeste.
Por experiência própria, desejo muita coragem para quem sofre.
Fiel, desde a minha tenra idade, tento comprovar o que escrevo/digo ...e não finjo.
Feliz Natal ...em 1955, passei-o no Sanatório.







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